Neste evento, moderado por José Ignacio Linares Hurtado, diretor da cátedra Fundação Repsol de Transição Energética, na Universidade Pontificia Comillas de Madrid, destacou-se o grande interesse e potencial desta tecnologia em Espanha.

Como tema central, foi sublinhado o papel do biometano como importante oportunidade para a transição energética em Espanha, destacando a necessidade de promover políticas favoráveis, impulsionar a inovação tecnológica e ter como referência as lições aprendidas noutros países europeus.

Apresentamos as principais conclusões dos oradores:

  • Íñigo Palacio, Diretor de Desenvolvimento Sustentável na Genia Bioenergy

A Genia Bioenergy é uma empresa participada em 40% pela Repsol. Esta aliança promoverá o desenvolvimento de uma plataforma de biometano, em Espanha e em Portugal.

Íñigo Palacio sublinhou a posição da Europa como líder na produção de biometano, com mais de 1.300 fábricas a injetar biometano na rede. Em contraste, Espanha conta com apenas com 9 ou 10 fábricas em operação, o que amplifica a necessidade de aprender com as experiências europeias, adotar as melhores práticas e evitar os erros cometidos noutros países, sublinhando que Espanha tem um grande potencial de produção de biometano. Não deixando de referir os diversos benefícios do biometano, como a geração de energia limpa e a gestão eficiente de resíduos.

De acordo com as suas próprias palavras: "Penso que todos devemos trabalhar para melhorar as fábricas, aplicando a melhor tecnologia, na melhor localização e perseguir as melhores alianças locais para que possamos ser parte da solução dos problemas que localmente possam ocorrer, na gestão de resíduos."

  • Begoña Ruiz, Diretora de Tecnologias do Centro Tecnológico AINIA

Begoña Ruiz complementou esta visão ao apresentar as tecnologias avançadas para a produção e purificação de biometano. Falou sobre as investigações em curso para melhorar a eficiência dos processos de produção e reduzir os custos. Tal como Íñigo Palacio, destacou a necessidade de adoção das melhores práticas e salientou a importância da inovação tecnológica na superação dos desafios atuais e de aumentar a competitividade do biometano face a outras fontes de energia.

  • Raquel Iglesias Esteban, Responsável da Unidade de Biocombustíveis Avançados e Bioprodutos na CIEMAT

Raquel Iglesias referiu o papel crucial dos biocombustíveis avançados na transição energética. Apresentou vários projetos de investigação em biometano e outros bioprodutos, destacando o seu potencial para diversificar a matriz energética e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Sublinhou ainda a importância da colaboração entre centros de investigação, empresas e governos para impulsionar o desenvolvimento e a implementação de biocombustíveis avançados. Tal como Íñigo Palacio, apontou a necessidade de criação de alianças locais.

  • Bernat Chuliá Peris, Diretor de Estudos e Análise na Genia Bioenergy

Bernat Chuliá salientou a importância das alterações normativas no impulso ao desenvolvimento de novas soluções tecnológicas para as fábricas de biometano. Em resumo, as alterações regulamentares são um importante motor para a inovação tecnológica neste setor. Concretamente, o aumento das restrições ao conteúdo de metano no gás residual e a recente normativa sobre a valorização do digestato e gestão de subprodutos da indústria pecuária, pede o desenvolvimento de tecnologia avançada nas fábricas de biometano, para que seja possível não só capturar e valorizar o CO2 e o digestato, mas também reduzir as emissões.

  • Eva Arenas Pinilla, Diretora da cátedra Rafael Mariño de Novas Tecnologias Energéticas da Universidade Pontificia de Comillas, de Madrid

Eva Arenas Pinilla baseou a sua apresentação no biohidrogénio com emissões negativas de CO2 a partir do biometano. Contou-nos como funciona o processo e a rede de fornecimento e partilhou alguns exemplos aplicados à indústria, apresentando ainda uma comparação de custos. Em conclusão, o biohidrogénio com emissões negativas permite poupar biometano para atingir o mesmo potencial de descarbonização.

  • Manel Blasco, Fundador e Sócio Diretor na Micropower Europe

Na sua apresentação "A hibridação das microturbinas de gás com o upgrading para a produção de biometano", Manel Blasco explicou-nos de que forma as microturbinas de gás, derivadas das tecnologias aeronáuticas e caracterizadas pela sua eficiência e reduzida manutenção, podem hibridar-se com o processo de upgrading para a produção de biometano. Esta abordagem permite utilizar o biogás para gerar a eletricidade e o calor necessários para as fábricas, permitindo o cumprimento das normativas quanto a emissões. Esta solução híbrida parece ser técnica e economicamente viável, sendo mais eficiente e sustentável do que a aquisição de energia e calor.

  • Eugenia Sillero, Secretária-Geral na Gasnam

Eugenia Sillero abordou a relevância do biometano na descarbonização do setor do transporte, particularmente no transporte pesado e marítimo. Sublinhou que o biometano pode ser uma alternativa viável e sustentável aos combustíveis fósseis tradicionais, reduzindo significativamente as emissões de carbono. Em linha com as apresentações de Íñigo Palacio e Raquel Iglesias, destacou a necessidade de políticas e regulamentações de incentivo à produção e utilização do biometano, fez ainda um apelo à cooperação entre os setores público e privado para uma transição energética efetiva.